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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Washington pressionou Al-Jazira a mudar cobertura na guerra do Iraque

EUA pediram que Al-Jazira retirasse imagem de crianças feridas durante a guerra no Iraque (Faleh Kheiber/Reuters)

A Al-Jazira, canal pan-árabe, nomeou na terça-feira um novo director de informação, depois da Wikileaks ter divulgado que o antigo ocupante do cargo, Wadah Khanfar, poderia ter modificado a cobertura da guerra no Iraque para responder a pressões dos Estados Unidos.

Khanfar, antigo correspondente da Al-Jazira no Iraque, foi director de informação durante oito anos até ter pedido ontem a demissão. Sem explicar o motivo, disse apenas na sua conta no Twitter que se estava a “divertir com todos os rumores sobre a razão por de trás da saída”. O seu sucessor é o xeque Ahmad bin Jasem bin Muhammad Al-Thani, um empresário e membro da família real do Qatar. 

Segundo o New York Times, a demissão de Khanfar pode estar relacionada com um documento diplomático norte-americano, recentemente divulgado pela Wikileaks, que vem pôr em causa a credibilidade da Al-Jazira. . 

O documento descreve em pormenor um encontro entre um funcionário da embaixada e Khanfar, em que lhe são dadas cópias de relatórios da agência norte-americana de serviços secretos militares (DIA) sobre três meses da cobertura feita pela emissora durante a guerra no Iraque. Khanfar terá dito naquele encontro que o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar já tinha entregue relatórios norte-americanos sobre dois meses, o que sugere a existência de uma estreita ligação entre os dois governos e a rede televisiva. Khanfar terá também pedido às autoridades norte-americanas que mantivessem a sua colaboração secreta.

Segundo o documento, o antigo director de informação opôs-se a qualquer referência escrita ao “acordo” entre os Estados Unidos e a Al-Jazira. “O acordo era que não houvesse um documento”, disse. “Como órgão de comunicação, não podemos assinar compromissos desta natureza, e ter isto escrito preocupa-nos”. 

Durante a guerra no Iraque, altos funcionários dos Estados Unidos acusaram publicamente a Al-Jazira de estimular sentimentos anti-americanos pelas suas coberturas, porém o documento dá a entender que Khanfar parecia ansioso em convencer o funcionário norte-americano de que a emissora pretendia ser justa e imparcial. O director de informação estaria até a preparar um documento escrito para responder às dúvidas levantadas pelos relatórios. 

Khanfar terá dito também que as alterações na cobertura da guerra foram feitas a pedido do mesmo funcionário norte-americano. Foram retiradas duas imagens que mostravam crianças feridas num hospital e uma mulher com a cara desfigurada por ferimentos graves. 

Lê-se no documento que quando o funcionário levantou outras queixas, o ex-director de informação “pareceu reprimir um suspiro (...) mas disse que iria retirar a peça”. “Não imediatamente”, terá dito no entanto, “porque isso levantaria suspeitas, mas daqui a dois ou três dias”.

Fonte: publico.pt
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