Uma
vez inaugurado o mês de Setembro, com ele arranca mais uma temporada
televisiva convencionada pelo termo rentrée. E se 2011 não
constitui excepção à regra, com novidades anunciadas para breve
nas várias ofertas generalistas, “olhando as grelhas dos três
canais que operam em sinal aberto, não se encontram traços de
inovação. Em tempo de crise, nenhum ousou arriscar. Fazem mal”.
Quem o afirma é Felisbela Lopes, docente da Universidade do Minho e
especialista na área dos media.
Vejamos,
então, o que aí vem. A RTP1 fará arrancar o formato de
entretenimento A Voz de Portugal, com apresentação a cargo de
Catarina Furtado. Quem Quer Ser Milionário Alta Pressão, conduzido
por José Carlos Malato, dará lugar ao concurso O Elo Mais Fraco. A
Fremantle Media será a produtora da nova versão do formato, sendo
que ainda não há um apresentador definido. Velhos Amigos e Os
Compadres constituem as séries de ficção nacional, asseguradas
pela SP Televisão, que passarão a integrar a oferta do canal.
Por
seu turno, a SIC prepara a segunda época de Peso Pesado, também
produzido pela Fremantle Media. Rosa Fogo é a novela portuguesa que
se segue naquela antena, após Laços de Sangue.
Já
na TVI, está anunciado o regresso de Teresa Guilherme à antena com
a segunda temporada de Secret Story – A Casa dos Segredos.
Relativamente à ficção nacional da TVI, Doce Tentação (título
provisório), da autoria de Sandra Santos, é a única estreia por
enquanto agendada.
Felisbela
Lopes olha com preocupação para a hegemonia que os reality shows
parecem estar a adquirir outra vez na televisão portuguesa. “Os
reality shows não são um produto televisivo de qualidade. Antes
estão ao serviço daquilo que convinha combater: o espectáculo da
vida privada; o voyeurismo, a construção de pseudo-celebridades.
Não seria possível conceber um panorama audiovisual sem eles, mas
também não seria preciso saturar o espaço televisivo de horário
nobre com este tipo de produto televisivo”, defende a docente
universitária, que integra o grupo de trabalho que está a definir o
conceito de serviço público de comunicação social. No entender de
Felisbela Lopes, uma rentrée ideal “seria aquela em que cada
estação fizesse valer a sua especificidade”, e o que se assiste
“é a um panorama confrangedoramente simples de sintetizar: pouco
inteligente na programação, inculto nos conteúdos, cada vez mais
impopular nas audiências”, conclui.
O M&P
ouviu ainda António Borga, presidente da Associação dos Produtores
Independentes de Televisão (APIT), sobre esta matéria. A versão
integral do texto encontra-se na edição desta semana do jornal.
Fonte: meiosepublicidade.pt